Na próxima segunda-feira (11), está marcada uma reunião do Conselho Deliberativo do Flamengo. Um dos assuntos é o antigo projeto de construção de um estádio próprio do clube na região portuária do Rio de Janeiro. A proposta foi inicialmente defendida pelo ex-presidente Rodolfo Landim, que via na ideia uma forma de o Flamengo ter autonomia total, sem dividir a gestão com outros clubes.
Segundo conselheiros ouvidos nos bastidores, porém, a atual administração pretende usar o encontro para demonstrar, com dados e análises, que esse projeto não seria viável do ponto de vista econômico. Os altos custos de aquisição e construção, aliados à incerteza sobre o retorno financeiro, enfraquecem a ideia.
A gestão de Bap acredita que investir em uma nova arena nesse momento poderia comprometer outras prioridades do clube, como reforços no elenco, infraestrutura e manutenção da competitividade. Assim, o foco permanece na permanência no Maracanã, onde o clube já possui know-how e estrutura consolidada.
MAIS: Flamengo: quem é Mehdi Taremi, da Inter de Milão, na mira do Rubro-Negro?
Gestão do Flamengo não prioriza nova arena
Durante participação no Mundial de Clubes, Bap enfatizou que não tem pressa em avançar com a construção da nova arena. Ele destacou que o Flamengo assinou recentemente um contrato de 20 anos para uso do Maracanã, o que traz segurança operacional no médio prazo.
— Não tem nada a ver uma coisa com a outra [premiações esportivas com a construção do estádio próprio]. O projeto do estádio é para 50 anos, e tem que funcionar daqui a cinco, daqui a 10, daqui 15 e daqui a 20 anos. A minha promessa é a seguinte: eu jamais faço nada na minha vida que seja baseada em emoção. Todas as decisões importantes na minha vida que eu baseei em emoções, eu fiz coisa errada. Se a gente não tiver certeza absoluta que isso não empurra o Flamengo para virar uma SAF ou que isso vai comprometer a performance esportiva do Flamengo, não vou fazer o estádio — afirmou o diretor-presidente.
Ele ainda ressaltou que a prioridade do momento é fortalecer o caixa do clube e garantir conquistas esportivas constantes.
— O estádio é importante, é um sonho, mas esperamos anos pelo centro de treinamento, demoramos mais de 20 anos para fazer. Eu tenho o Maracanã por 19 anos. Então, tenho 19 anos para fazer isso. Temos que ganhar muita coisa ainda, ganhar dia sim e outro também, abastecer o nosso caixa. Quando tiver mais dinheiro em caixa e mais clareza sobre os projetos, a gente vai tomar uma decisão — disse.
Flamengo deverá continuar com o Maracanã
Com o Maracanã sendo o principal palco das conquistas recentes e com o clube já adaptado à dinâmica de co-gestão, a diretoria busca convencer os conselheiros de que seguir no estádio faz mais sentido.
O encontro também deve servir para apresentar números detalhados sobre custos operacionais, receitas e investimentos que o clube teria que fazer caso optasse por um novo estádio. A comparação direta com o cenário atual deve pesar a favor da permanência no Maracanã.
MAIS: Por que Textor transferiu Botafogo para empresa nas Ilhas Cayman?
Reunião discutirá futuro do Maracanã
O principal tema em pauta do encontro será a concessão do Maracanã, estádio utilizado em parceria com o Fluminense. A administração rubro-negra quer avaliar os próximos passos em relação ao controle do estádio, que é central para os planos esportivos e financeiros do clube.
A expectativa é que a reunião sirva não apenas para discutir a continuidade do modelo atual com o Maracanã, mas também para abordar outras possibilidades já sugeridas por figuras do clube no passado recente.
Além disso, o debate sobre o estádio envolve não apenas questões esportivas, mas também políticas e econômicas. O uso compartilhado com o Fluminense, as exigências do Governo do Estado e a viabilidade de novas concessões públicas são fatores que pesam na situação.
Landim critica a falta de avanços de novo estádio
O ex-presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, fez críticas contundentes à atual gestão liderada por Bap, ao abordar a morosidade na construção do estádio do clube. Em entrevista à rádio Tupi, ele deixou claro que o projeto só não foi oficialmente abandonado por causa da intervenção do prefeito Eduardo Paes.
— Sabia que isso (estádio) não iria sair, foi uma das grandes razões pelas quais, minha escolha pessoal de candidato foi outra. Absoluta certeza (que o estádio não iria sair com o Bap). (Diretoria) tem nenhum (interesse no estádio). Ele (Bap) vai dizer que não, vão criar todos os tipos de desculpas para provar o contrário — declarou Landim.
Segundo o ex-dirigente, o risco de cancelamento é real, conforme o interesse da diretoria atual: "É matar o projeto (do estádio). Se não seguir adiante, prefeito não vai levar a lei para aprovação e vai ter que negociar com a Caixa para levantar o dinheiro e devolver o terreno para a Caixa. Tem um risco enorme, não é pequeno. Só não aconteceu porque o prefeito é paciente. Basta o prefeito falar 'cansei'".
MAIS: "Palhaço"; entenda resposta de Arboleda a Muller após crítica
Prefeitura apoia retirada de dutos em terreno do estádio
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, reafirmou, no último dia 21 de julho, que a Prefeitura será responsável pela remoção dos dutos localizados no terreno do Gasômetro, terreno no qual o Flamengo adquiriu para construir o novo estádio.
Em uma publicação na rede social X (antigo Twitter), ele reiterou o apoio da administração municipal ao clube em relação ao projeto.
— A Prefeitura do Rio continua afirmando que se responsabiliza pela retirada dos dutos. Está tudo certo. O terreno já é do Flamengo. Quem decide o que fazer é o Flamengo. Apoiaremos qualquer decisão —, escreveu Paes.
O posicionamento veio após interpretações equivocadas de uma publicação sugerir que a Prefeitura teria decidido se isentar da obrigação. O compromisso havia sido acertado no ano anterior, com estimativa de custo entre R$ 80 e R$ 100 milhões.
Relembre compra do terreno do Gasômetro pelo Flamengo
O Flamengo adquiriu o terreno do Gasômetro via leilão por cerca de R$ 138,2 milhões, durante o mandato de Rodolfo Landim, com planos de construir o estádio até 2029. Porém, após a posse do Bap como presidente do clube, o planejamento passou por revisão.
Em reunião do Conselho Deliberativo em abril, a nova diretoria acusou a gestão anterior de ter proposto a construção "a qualquer custo", gerando desarme financeiro na instituição. A cúpula atual considera inviável concluir a obra até 2029, conforme planejado.
Ainda no início do ano, Bap foi a São Paulo para discussões sobre o projeto. O Flamengo também contratou três empresas de engenharia especializadas para avaliar aspectos técnicos do projeto no Gasômetro.