A Fifa anunciou nesta quinta-feira (29/05) uma mudança no regulamento da entidade sobre casos de racismo. As penas foram endurecidas e podem levar até mesmo ao rebaixamento de equipes.
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Qualquer atleta ou participante do jogo pode indicar ao árbitro ter sido vítima de racismo. Com isso, a arbitragem deve acionar o protocolo, fazendo gesto de X com os braços, parar o jogo, suspender ou encerrar a partida.
A multa mínima para os clubes ou associações é de 20 mil francos suíços - cerca de R$ 137 mil. A pena máxima é de 5 milhões de francos - algo na casa de R$ 34 milhões. O valor é uma exceção específica da Fifa, que permitia multas de apenas 1 milhão de francos suíços.
As penas maiores serão em casos de reincidência. Nestas situações, o Código da Fifa prevê novos planos de prevenção, jogos sem público, dedução de pontos, expulsão de torneios ou rebaixamento automático.
As federações ao redor do mundo terão até o dia 31 de dezembro para adequarem suas regras ao novo protocolo da entidade máxima do futebol.
Além disso, a Fifa terá o poder de intervir e apelar à Corte Arbitral do Esporte (CAS) se acreditar que algum caso de racismo não foi tratado da forma adequada por alguma federação.
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O presidente da Fifa, Gianni Infantino, afirmou neste mês que a luta contra a discriminação e o racismo seriam uma prioridade para a entidade.
— Racismo não é só um problema para atacar no futebol, racismo é simplesmente um crime. E por isso estamos trabalhando com diferentes governos e com a ONU para ter certeza de que a luta contra o racismo esteja inserida na legislação criminal de cada país do mundo — garantiu.
Casos de racismo recentes
O mais recente caso de discriminação no Brasil foi envolvendo Bobadilla, do São Paulo, e Navarro, do Talleres. O jogador do Tricolor teria chamado o atleta da equipe argentina de "venezuelano morto de fome". O atleta ficou aos prantos no gramado e chegou a ser consolado até por atletas do São Paulo.
Situações envolvendo casos de racismo na Libertadores e Sul-Americana são comuns, em especial envolvendo torcedores dos times do continente contra equipes brasileiras.
Um caso notório neste ano foi do atacante Luighi, do Palmeiras, contra o Cerro Porteño, pela Libertadores sub-20. Aos 33 minutos do segundo tempo, Luighi foi substituído e, ao sair na beira do campo, sofreu insultos racistas. Nas imagens da transmissão, é possível ver um torcedor fazendo gestos imitando um macaco para o atacante do Palmeiras. Logo depois, o jogador foi flagrado chorando no banco de reservas.
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Na ocasião, a Conmebol foi muito criticado pelo Palmeiras e outros times brasileiros pela punição branda recebida pelo Cerro Porteño. O time paraguaio teve de pagar multa de US$ 50 mil - cerca de R$ 288 mil pela cotação atual -, além da proibição de torcedores nas partidas da Libertadores sub-20 e a publicação de uma campanha de conscientização contra o racismo nas redes sociais do clube.
Ainda na mesma competição, torcedores do Flamengo, na final contra o Palmeiras, ficaram chamando Luighi de "chorão" em alusão ao choro do jogador pelo caso de racismo sofrido.